domingo, 17 de março de 2013

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Por mais alegre que ela fosse, nos últimos dias vinha sendo acometida por uma tristeza sem fim. Era uma tristeza que apagava o brilho presente em seus olhos.
Por mais que saísse com seus amigos, chorasse no ombro de outros, nada amenizava o que ela sentia agora, e que também já sentira outrora, o que a mantinha, era a esperança de que tudo passa. Algumas coisas demoram mais, outras menos, mas passam. E se não passam, adormecem, aprende-se a conviver.
As coisas que ela via no dia-a-dia a entristeciam de tal forma, ela não se conformava com a  maneira como as pessoas usavam umas as outras e se insinuavam para obter lucro em algumas situações.
Ela é um doce e aparenta ser frágil. Porém, quem a conhece sabe bem a fortaleza que é, e o vulcão que habita dentro dela. Sempre prestes a entrar em erupção se estimulado da maneira correta.

sábado, 16 de março de 2013

A sombra

Ainda não volto, não voltei, ando de viagem pela conflagração: dentro desta veia seguiu viagem o sangue e não posso chegar dentro de mim mesmo. Vejo as plantas, as pessoas vivas, as ramagens da lembrança, o cumprimento nos olhos das coisas, a cauda do meu cão.
Vejo o silêncio da minha casa, aberto à minha voz, e não rompo as paredes com um grito de pedra ou de pistola: ando pelo terreno que conhece os meus pés, toco a trepadeira que subiu pelos arcos de granito e resvalo nas coisas, no ar, porque continua a minha sombra em outra parte ou sou a sombra de um teimoso ausente. 

Pablo Neruda

sexta-feira, 8 de março de 2013

Quando a insônia resolveu dar uma trégua, a noite foi tranquila.
O dia amanheceu lindo, o sol radiante e pude observar os hibiscos da janela. A tempestade passou e a serenidade voltou a reinar. O tempo muda, o tempo afasta e o tempo cura. Espero sempre ter flores ao abrir a janela.

domingo, 3 de março de 2013


O ritmo é frenético e o compasso desconexo.
Pessoas em exposição buscam diversão.
Dividindo o mesmo espaço sem alguma gentileza.
Querem passar e praticamente te empurram sobre a mesa.
São olhares que se cruzam, são pessoas que se iludem e a música continua. Já sabem seus nomes e isso basta por aquele instante.
Pessoas carentes em busca de atenção, quaisquer duas palavras são suficientes para uma possível junção física. Pessoas cheias de expectativas, buscam em uma noite de pessoas vazias algum motivo de alegria.