domingo, 24 de fevereiro de 2013

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Enquanto eu projetar no outro as minhas virtudes, continuarei me decepcionando.
Enquanto atribuir ao outro as características que me aprazem e não conseguir enxergá-lo como de fato ele é, continuarei sofrendo.
Enquanto não aceitar que as pessoas são e vivem de relações superficiais, nada será suficiente.
Enquanto expressar o que sinto com a transparência do meu olhar, e continuar fazendo esforço para que as coisas aconteçam, nada acontecerá ou durará.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Descanse em paz


Eu sempre tive medo da vida me endurecer. Já dei aula pra muita gente. De educação infantil a ensino médio.
Quando se trabalha com educação infantil, ou melhor, com qualquer coisa ou qualquer lugar (isso independe de tempo e espaço), sempre há os que nos cativam mais. E me lembro como se fosse hoje de um menino, que estudava no pré III, de olhos claros, lábios carnudos, e uma bondade sem fim ( como a maioria das crianças), que o destacava entre os demais. Ele era todo doce, e a doçura dele me encantava. Ele saiu da "escolinha". Seguiu em frente e eu nunca mais o vi. Mas sempre guardei sua imagem no compartimento de boas recordações. Hoje de manhã enquanto mencionavam sobre um acidente, disseram que um jovem perdera sua vida. Eu não lembrava do seu sobrenome. Quando cheguei em casa, vi algumas atualizações em redes sociais e vi sua foto. O menino de olhos claros, de lábios carnudos, hoje um rapaz muito bonito, aos 16 anos se foi. É, você se foi. Tão cedo! Me fez reviver tantas coisas olhar sua foto, por um instante fiquei feliz em olhar. Mas agora a tristeza me acomete, meus olhos estão cheios de lágrimas pela sua partida brusca. Uma vida interrompida tão cedo. Para mim você sempre será aquele menino doce, que foi como te conheci e te guardei. Descanse em paz...

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Hoje fiz um trajeto a pé que não fazia a pelo menos uns 13 anos. O caminho para o colégio! Aproveitei para apreciar a paisagem, e observei várias que coisas que ao passar de carro não via, ou via mas não prestava atenção. Parei para pensar também em tudo o que já aconteceu enquanto eu não corria pela vida. Tamanho foi o saudosismo, que ao chegar ao destino - colégio, que foi onde passei alguns anos, me senti uma adolescente com mochila nas costas. Mas o que preenchia a mochila, diferente de outros tempos, não eram livros, e sim bagagem adquirida pela vida. Me recordo que a primeira vez que entrei nesse colégio, me senti um "estranho no ninho" pois, vinda de cidade pequena, de uma escola que comportava no máximo oito salas de aula, entrar naquele prédio com dois andares, escadas e corredores sem fim, parecia uma imensidão. Uma sensação de medo sem tamanho, o medo do novo. E se passaram os anos, adquiri um trauma devido a uma professora, mas a minha sorte, sorte mesmo, é que a maioria daqueles que me ensinaram, ainda tinham brilho nos olhos, ensinavam com gosto, e foram estes que me serviram de inspiração.
Hoje ao entrar nesse mesmo lugar, ele já não me parece tão grande, e me sinto bem. Tenho ótimas recordações de um tempo que se foi. Algumas coisas mudaram, assim como as casas no trajeto. Umas não existem mais, outras foram reformadas mas ainda há as que permanecem idênticas. Não sei hoje quem as habita, mas lembro que um dia soube o rosto dos moradores de cada uma delas. Eu senti falta de saber das pessoas, de cumprimentá-las, olhar nos olhos. É, eu gosto disso, de olhar nos olhos. Notei algumas mudanças também em mim. Meu cabelo não é mais castanho ou vermelho, já não o uso longo, meu corpo mudou, ganhei alguns quilos, minha pele apresenta sinais do tempo, entre outras coisas. O que me deixou feliz foi perceber que ainda tenho a mesma sensibilidade de outrora. E espero que isso não se vá, nem se perca ou mude.