Eu observo as pessoas observando o relógio e o imagino rindo
de um bando de otários sendo feitos de escravos. Escravos do tempo, ou da falta
dele?
Eu sempre estou atenta ao relógio. Sim, eu também pertenço a
um bando de otários. E quanto mais tempo eu quero, menos eu tenho. Tenho muito
tempo para fazer minhas obrigações e pouco para exercitar minhas contemplações
e paixões.
O passar de uma hora é penoso (tenho a sensação de entender
o que é eternidade de tanto que o tempo se arrasta) quando estou cercada
daqueles que não me querem bem. E essa mesma uma hora, composta por sessenta
minutos e cada um deles de sessenta segundos, se transforma em quinze rápidos
minutos quando a companhia me é aprazível.
Ah! Se existe algo cruel nesse mundo, além do homem,
considero ser o tal do tempo. Bom, não podia ser diferente visto que foi uma
invenção do próprio homem.
Observo as pessoas querendo ganhar tempo furando sinal,
sujeitas a perder suas vidas.
Observo as pessoas usando os mais variados tipos de drogas a
fim de uma felicidade momentânea, sendo que estão perdendo dias de sua preciosa
vida se soubessem que a tristeza também faz parte da composição do ser.
Observo as pessoas prolongando relacionamentos alegando não
por fim, pois já perderam muito tempo de suas vidas com determinadas pessoas.
Me explica?
Observo pessoas desperdiçando seu tempo com reclamações
inúteis relativas ao que não muda. Adianta?
Eu perco meu tempo observando muita perda de tempo! Eu gosto
de gastar meu tempo observando pessoas e seus comportamentos.
Eu gasto, eu perco, eu ganho. Tempo! Grande confusão! Eu
ganho uma infinidade de pensamentos com a perda de tempo.
Eu aproveito meu tempo! Aproveito este que me traz rugas, choros intensos e sorrisos imensos.
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